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Por
Thiago Miguel
Conhecidos por serem uma das franquias mais conservadoras da NFL, os Steelers deram mais um exemplo, neste final de semana, de sua principal característica. No que foi seguramente a decisão mais importante da franquia dos últimos 15 anos, o time escolheu Kenny Pickett para o processo de sucessão de Big Ben. Supresa? Definitivamente não. O jovem, que completará 24 anos no próximo mês, será a cara da franquia para os próximos anos? Muito provavelmente. A história explica (e estava em nossa cara esse tempo todo).
O processo seletivo
Primeiro, vamos aos motivos da escolha de Kenny Pickett. Segundo as próprias palavras de Mike Tomlin, ele e Kevin Colbert (General Manager da equipe, que está se aposentando) “rodaram o país inteiro para entender que a escolha estava, literalmente, no quintal de casa”. Além disso, o treinador dos Steelers também afirmou que ambos consideram que Kenny Pickett é o jogador mais pronto da classe de quarterbacks deste ano para jogar na liga. Aqui, o conservadorismo dos dois e a política de “sempre ter um plano”, já explicariam a escolha. Malik Willis e Desmond Ridder podem ter um teto maior (e provavelmente tenham mesmo), mas, na visão dos Steelers, possivelmente teriam que gastar um tempo maior de adaptação. Em uma eventualidade, como uma lesão do quarterback titular (se realmente Kenny Pickett não for já no primeiro ano), isso pode ser fatal.
Mas eu fiquei realmente impressionado com outro fator. E, como torcedor dos Steelers, me peguei perguntando por que não fiz essa análise antes do draft. Possivelmente a resposta para a escolha do time já tivesse vindo. Ou, no mínimo, eu já poderia ter dito que a escolha estava clara, debaixo de nosso nariz, esse tempo todo. Voltemos a 2004 no próximo tópico texto (não se assustem com o título).
A incrível semelhança entre Kenny Pickett e Ben Roethlisberger
Primeiro de tudo: calma. Não seria louco de comparar um dos maiores ídolos da história da franquia com um calouro que está chegando agora. Além disso, não há qualquer necessidade de jogar nos ombros de Pickett uma responsabilidade imensa como a nos dar mais dois Lombardis. Mas gostaria de convidá-los a um exercício de comparação.
Em seu último ano de College, Ben Roethlisberger fez 14 jogos. Tentou 495 passes e acertou 342 deles (69,1% de aproveitamento). Além disso, Big Ben passou para 4.486 jardas, convertendo 37 touchdowns e amargando 10 interceptações. Seu pass rate foi de 165,8.
Kenny Pickett, em seu último ano na universidade de Pittsburgh, fez 13 jogos. Tentou 497 passes e acertou 334 deles (67,2% de aproveitamento). Além disso, ele passou para 4.319 jardas, convertendo 42 touchdowns e enfrentando 7 interceptações. Seu pass rate foi de 165,3.
Agora vamos aos aspectos físicos. Quando draftado, Big Ben tinha 1,95m, 109kg, 31 polegadas e meia de extensão de braço e pouco mais de 9 polegadas em sua mão (9,375, para ser mais preciso). Além disso, ele correu 40 jardas em 4,75s (bons tempos!).
Pickett tem 1,91m e 98kg. 30,875 polegadas de extensão de braço e 8,5 polegadas em sua mão (já chego lá!). O quarterback da universidade de Pittsburgh correu 40 jardas em 4,73s. Ou seja, tirando o seus 10kg a menos (essa diferença deve ser menor já nos primeiros dias de camp) e o tamanho de sua mão (o que pode ser um problema em comparação a outros QBs consagrados na liga neste momento, mas não é uma grande diferença se compararmos a Big Ben), as demais medidas são extremamente parecidas.
Conclusão óbvia
Assim como Ben Roethlisberger em 2004, Kenny Pickett não era considerado o quarterback mais talentoso do draft em 2022. Eli Manning (a escolha 1) e Philip Rivers (4) recebiam um hype maior da mídia, assim como Malik Willis e Desmond Ridder (de novo, não há comparações aqui!). Assim como em 2004, em 2022 os Steelers quase subiram no draft, mas aguardaram pacientemente em sua posição. Se lá achavam que era Roethlisberger que estaria mesmo disponível, neste ano se surpreenderam com Pickett ainda no board.
Kevin Colbert ainda não era o General Manager da equipe em 2004, mas era o diretor de operações esportivas. Mike Tomlin não era o treinador da franquia em 2004, mas desde que chegou ao time, em 2007, não teve outro quarterback titular. Com Big Ben, conquistou a liga um ano mais tarde, e simplesmente não sabe o que é ter uma temporada com mais derrotas que vitórias.
Além disso, Tomlin sabe que tem uma das defesas mais talentosas da liga, quando completa, o que lhe dá certa segurança. Ele também investiu de maneira pesada na reconstrução do ataque desde o draft passado. O quarterback que jogar terá uma linha ofensiva inteiramente jovem e renovada. Najee Harris e Pat Freiermuth entram no segundo ano de liga, sendo que ambos já entregaram valor em suas temporadas de calouros. Por fim, o time tem recebedores de bom nível em Chase Claypool, Diontae Johnson (tenho minhas restrições aqui) e George Pickens (esse sim, com um teto bem elevado caso se mantenha saudável). Logo:
Por que mudar o modelo que vem dando certo há 15 anos? Mike Tomlin nunca mudou abruptamente de rota. Não seria agora que faria. Assim, não sei se vai dar certo ou errado, mas há um sentido claro e incontestável na escolha dos Steelers.
E quem será o titular?
Essa talvez seja a pergunta mais difícil de responder. Mike Tomlin, um dos melhores gestores de grupo da NFL, já disse que Pickett terá a oportunidade de brigar pela vaga de titular na semana 1 com Mitchell Trubisky e Mason Rudolph. Aliás, um parêntesis. O backup de Big Ben está totalmente contra a parede com a escolha de Chris Oladokun no sétimo round e eu não me surpreenderia se ele fosse cortado antes mesmo do camp começar (o que abriria cerca de 4 milhões de dólares no salary cap).
Mas, novamente utilizando a história como paralelo, assim como Ben Roethlisberger aguardou a sua chance, que apareceu após a lesão do veterano Tommy Maddox, creio que Kenny Pickett naturalmente tende a ser o reserva imediato do veterano Mitchell Trubisky neste momento (o que não seria a minha decisão). A grande diferença entre os processos é que Mitch também está chegando agora, o que deve colocar as coisas ainda mais em pé de igualdade no camp, facilitando a ascensão de Pickett à titularidade.
De qualquer forma, de minha parte, não há questionamento em relação aos planos de Tomlin e Colbert. Vivo a expectativa de mais uma temporada de record positivo, com grandes possibilidades de playoffs, mesmo que a AFC North tenha subido consideravelmente o nível. E você, torcedor, o que acha? Deixe o seu comentário ou entre em contato?
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