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Por
Rômulo Ruggeri
Seja qual for a informação que você busque sobre a parte financeira dos esportes norte americanos, uma coisa é indiscutível: A NFL é a liga mais bem sucedida da história. Mesmo quando se fala nas “três grandes ligas” norte americanas (ou quatro, mas só se você for fã de hockey), quando o assunto são os negócios da NFL, você tem a liga de futebol americano em primeiro lugar, indiscutivelmente.
Para você que não conhece a liga tão a fundo assim, hoje ela existe como uma associação comercial administrada e financiada por 32 times. Destes, apenas o Green Bay Packers ainda é uma organização sem fins lucrativos. Todas as outras 31 equipes possuem um proprietário.
Mais de 50% do dinheiro que movimenta essa liga vem da televisão. As outras receitas são basicamente a venda de ingressos, patrocínios corporativos, merchandising e direitos de licenciamento. Apenas para seu conhecimento, a liga movimenta tanto dinheiro que., em resposta a uma forte corrente de críticas, em 2015 a NFL resolveu abrir mão de isenções fiscais que tinha direito desde 1947.
Como são administrados os negócios da NFL?
A administração é feita de duas formas: Receitas Globais e Receitas Individuais.
Nas receitas globais, a NFL negocia os direitos de transmissão com as redes de TV e Streaming que pretendem ofertar os jogos da liga em seus canais. Além disso, ela negocia acordos de licenciamento e merchandising a nível nacional. Essas negociações são feitas única e exclusivamente pela NFL e o valor alcançado nesses acordos são divididos igualmente entre todos os 32 times da liga, independente de resultado alcançado dentro de campo. Assim, a liga recebeu, em 2018, aproximadamente 8,1 bilhões de dólares em receitas globais. Isso rendeu, a cada time, algo em torno de US$ 255 milhões.
Já as receitas individuais referem-se àquilo que cada time consegue negociar/comercializar por conta própria, sem participação nenhuma da liga. Essa receita basicamente é, então, referente à venda de ingressos, concessões em estádios, patrocínios, naming rigths, entre outras coisas.
Acordos de TV
Na matéria que escrevi sobre o Dallas Cowboys e seu valor de mercado segundo a Forbes, trouxe diversos números de audiência que chamam a atenção sobre os negócios da NFL. Mas o que mais me impressiona (e não estava naquela lista) é o fato da NFL ter 19 das 20 maiores audiências da história da TV norte americana. São 19 jogos diferentes de SuperBowl que marcaram a história da liga e da TV nos Estados Unidos. Não à toa, esse é um dos motivos que a NFL tem um acordo atual de TV com as emissoras CBS, Fox, NBC e ESPN.
CBS, NBC e Fox, juntas, assinaram em 2011 um acordo que deve pagar a NFL um total de 39,6 bilhões de dólares para a transmissão dos jogos de domingo de 2014 a 2022. Nesse acordo, as três dividem alternadamente a exclusividade de transmissão do SuperBowl. Além disso, na mesma data, a ESPN assinou um acordo que pagará 15,2 bilhões para as transmissões exclusivas do Monday Night Football. Não perca as contas leitor. Em 2018 a Fox assinou um acordo adicional para transmitir exclusivamente os jogos de quinta-feira no valor de 3,3 bilhões de dólares. Já pensou o Brasileirão movimentando toda essa grana? Melhor nem pensar né?
Merchandising e Licenciamento
Estima-se que 10% do faturamento total dos negócios da NFL venha dessa área de negócios. Embora a TV seja a principal fonte de receita, a NFL também vende para as empresas o direito de comercializar produtos que representem a sua marca. Um exemplo: em 2018, a NFL assinou em parceria com a Nike, um contrato de exclusividade com uma das maiores empresas do varejo esportivo online dos Estados Unidos, a Fanatics. Esta passou a ser a fabricante exclusiva de todos os produtos da Nike para adultos que são comercializados pela NFL.
Vendas de ingressos e concessões
Apesar de ser uma receita importante para as equipes, essa modalidade acaba criando limitações, visto que a capacidade do estádio é sempre a mesma. Em relação a venda de ingressos, só é possível faturar mais se o time aumentar a capacidade do estádio ou se aumentar consideravelmente os valores dos ingressos. Entretanto, isso também tem um limite, seja de mercado, seja pela fase em que a equipe está no momento.
Quanto às concessões, elas contribuem em média de 3 a 5 milhões de dólares no faturamento de uma equipe da NFL. A vantagem nessa área é que as margens de venda são extremamente altas. Apenas como conhecimento, cervejas e refrigerantes costumam dar em média 90% de margem de lucro para os times.
Patrocinadores
As grandes corporações procuram a NFL para colocar a sua marca nos uniformes dos jogadores e em diversas mercadorias. Estima-se que a NFL arrecadou no último ano cerca de U$ 1,3 bilhões em patrocínios. Os mais cobiçados pelos patrocinadores obviamente são os naming rights. De acordo com o New York Times, o naming rights do Met Life Stadium em Nova York e do AT&T Stadium em Dallas valem US$ 19 milhões por ano.
E o que podemos esperar no futuro para os negócios da NFL?
O futuro sorri para a NFL como uma criança quando ganha um doce. Roger Goodell afirmou que pretende chegar a US$ 25 bilhões por ano de faturamento com essa liga até 2025. Obviamente que para isso acontecer ele precisa manter esse esporte ainda mais atraente aos olhos da TV e dos espectadores. Afinal, esse ainda é o meio mais rentável e mais interessante para o público.
É preciso levar em consideração que estamos em um momento muito propício para a entrada do streaming e seus diversos players. Apenas para conhecimento, a Verizon assinou em 2018 um acordo de 5 anos no valor de US$ 2,5 bilhões com a NFL para transmissões via streaming. A Amazon também vem se aproximando da liga nesse tema e tem interesse de abrir negociações para as próximas temporadas.
Além disso, a NFL muito em breve deverá colocar as suas atenções para os jogos de azar. Apesar dela se colocar há muito tempo contra essa prática, a recente onda jurídica pelo qual os Estados Unidos passam sobre a legalização de jogos de azar, deve trazer mais essa modalidade aos negócios da NFL em um futuro próximo. Em 2019, 8 estados americanos já haviam legalizado essa prática. Além disso, outros 7 já tinham criado projetos de lei para dar prosseguimento no processo de legalização.
Para uma liga obcecada em crescimento, capitalizar através de casas de apostas presentes em estádios, parcerias com cassinos estabelecidos ou até mesmo portais de apostas online podem ser as novas fontes de receita da liga.
Agora me digam: Vocês realmente acham que o contrato do Patrick Mahomes foi um exagero por parte dos Chiefs?
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