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Por
Rômulo Ruggeri
Como você bem sabe, a NFL é cheia de jargões, termos específicos e peculiaridades não é mesmo? Com os contratos da NFL não poderia ser diferente. Roster Bonus? Incentivos LTBE? Bônus de assinatura? Calma, nós vamos te ajudar a entender todos esses detalhes. Além disso, ainda te mostraremos como identificar as intenções de um time através das estruturas de contratos de seus atletas.
P5 (Salário Base)
O salário P5 (também conhecido como salário base) é o valor mínimo anual que um jogador deve ganhar de acordo com o CBA. Isso está vinculado ao número de anos de seu contrato.
Porém, existem dois níveis de salário mínimo P5:
O primeiro é referente ao valor mínimo total que um time precisa pagar a um jogador se ele fizer parte da lista de ativos ou inativos de um time durante a temporada (Ativos = 53 jogadores do time que irá disputar a temporada | Inativos = Practice Squad – Injury reserve).
O segundo chama-se “split salary”. Ou seja, é o valor mínimo que um time deverá pagar ao jogador se ele não fizer para da lista de ativos ou inativos de um time durante a temporada (exceto practice squad). Confuso não é? Explico:
Imagine que seu time acertou com um jogador em um contrato de 2 anos. Ele terá um valor base de salário a receber (aqui não chegamos nos bônus ainda, ok?). Se ele estiver enquadrado no primeiro item e sofrer uma lesão indo para o IR (Injury reserve – equipe reserva de lesionados que não são considerados no elenco de 53 jogadores) ou seja, não fazem mais parte da lista de ativos) ele receberá integralmente o seu salário base.
Se esse jogador tiver estruturado em seu contrato um split salary, ele receberá um valor reduzido se entrar no mesmo exemplo da IR. Jogadores que possuem grande histórico de lesões conhecem bem essa modalidade. Muitas vezes, o time se arrisca ao contratá-lo, mas aplica esse mecanismo para que a franquia possa economizar um dinheiro caso ele saia da lista de ativos da temporada.
Bônus de assinatura (Signing bonus) nos contratos da NFL
Como o próprio nome já diz, esse é um bônus que um jogador receberá apenas por colocar sua preciosa assinatura nas linhas do contrato de uma franquia. O valor total desse item pode ser dividido no máximo em 5 anos. Por exemplo, Patrick Mahomes assinou recentemente um contrato de 10 anos com os Chiefs. Nesse acordo, ele terá direito a US$ 10 milhões como bônus de assinatura. O montante será dividido nos primeiros 5 anos de contrato.
Bônus de treino (Workout bonus) nos contratos da NFL
Este é um item utilizado para bonificar atletas que participam de uma determinada porcentagem mínima dos treinos não obrigatórios da equipe na offseason. Esses treinos se chamam “voluntary offseason program” e geralmente consideram entre 70 e 85% de participação, dependendo do programa de cada equipe.
A história por trás desse bônus vem do início do esporte, quando os atletas ainda dividiam as suas atividades com outras profissões. Alguns times começaram a bonificar os atletas na offseason para compensá-los por se manterem treinando e atuantes apenas no futebol americano.
O Programa de treinos da offseason é voluntário. As franquias não podem forçar os jogadores a comparecer. Aqueles que atendem ao requisito mínimo de cada equipe recebem seus bônus geralmente no final de junho. Aqueles que não comparecem aos treinos e, consequentemente, não recebem seu bônus, acabam abrindo um espaço no salary cap da equipe.
Elenco (Roster Incentives)
Espécie de compensação dada aos jogadores que são escolhidos para permanecer na lista de 53 jogadores do time. Caso você não saiba, na pré temporada um time pode ter até 90 jogadores em seu plantel para, depois dos cortes, fechar a sua lista (roster) em 53 jogadores. Esse bônus geralmente é dado para um atleta que tem constantes lesões recentes e se ele conseguir permanecer saudável ganha o bônus.
Esse bônus costuma ser de duas formas: a primeira é a permanência do atleta na lista de 53 jogadores no início da temporada. A segunda é um incentivo jogo a jogo, para aquele atleta que sofre com lesões caso ele consiga estar presente nos 46 jogadores que participam da partida.
LTBE e NLTBE
Likely To Be Earned e Not Likely To Be Earned. Esses são dois tipos de incentivos previstos em contratos que significam basicamente algumas metas dentro de campo. No caso do LTBE, são as metas mais plausíveis. Ou seja, metas que os jogadores podem conseguir alcançar mais facilmente como porcentagem de snaps que o atleta participou, um número específico de recepções durante uma temporada, jardas terrestres conquistadas. O NLTBE já considera números que não são tão previsíveis como no caso de um Safety conseguir um número de sacks na temporada por exemplo.
Ambas as situações consideram uso do cap space na temporada atual, mesmo sem saber se o jogador atingirá ou não a marca. Caso o atleta não receba o incentivo, isso vira um crédito no salary cap da equipe para a próxima temporada. Você entende porque é tão difícil fechar a conta de previsões para o salary cap de cada time todo o ano? São muitas variáveis.
A regra dos 51 principais (Top 51) nos contratos da NFL
Você já se perguntou como um time tem um determinado limite de salary cap e, mesmo assim, na offseason eles saem de 53 jogadores para 90 atletas com contratos sem que isso altere o cap space de cada time? Isso se deve a regra dos 51 principais jogadores.
Cada equipe lista, no final da temporada, os seus principais 51 atletas para a próxima temporada. Isso faz com que a franquia tenha um valor específico de consumo do seu salary cap. Além disso, gera um cap funcional para a offseason que permite com que eles trabalhem a free agency, por exemplo. Jogadores que completam o roster de 90 atletas geralmente ganham o piso do salário base, o que não pesa tanto assim o bolso das franquias.
Dead Money (dinheiro morto)
Como o nome indica, trata-se de dinheiro perdido, gasto com jogadores que já não estão mais na equipe. Essa é a pior situação contratual que uma equipe pode passar. Aqui está o bônus de assinatura que algum jogador deve receber de seu contrato. Isso acontece mesmo que ele esteja jogando em outra equipe e isso interfere diretamente do cap disponível para a temporada.
Apesar de ser uma situação ruim, raramente vemos times que não tenham algum dead money no seu salary cap da temporada. Isso porque, caso um jogador seja cortado do time ou trocado para outra equipe, paga-se o bônus de assinatura no ano vigente. Como sabemos, trocas e cortes não são coisas tão raras de se ver nessa liga.
Regra do dia 1º de junho
Aqui é uma forma das equipes tentarem reduzir os impactos do dead money de um jogador. Se considerarmos que um jogador enfrentou uma troca ou acabou cortado depois do dia 1º de junho, metade do seu bônus de assinatura cairá no salary cap do ano vigente e a outra metade cairá na temporada seguinte. Ah sim, e o mais importante. Cada equipe só pode usar desse artifício em 2 atletas por temporada.
Exemplifico: Suponhamos que um jogador tenha 4 anos de contrato e que seu bônus de assinatura total seja de US$ 8 milhões. Esse valor muito provavelmente seria dividido entre os 4 anos de contrato (US$ 2 milhões/ano). Mas se ele for cortado antes do dia 1º de junho, o valor integral deve ser pago e isso irá gerar um dead money de US$ 8 milhões. Caso o jogador enfrente uma dispensa depois do dia 1º de junho, o valor do dead money fica em US$ 4 milhões para essa temporada e US$4 milhões para a próxima.
Dinheiro garantido (Guaranteed money) nos contratos da NFL
Trata-se do dinheiro que o jogador irá receber independente de qualquer coisa que aconteça. O bônus de assinatura é uma espécie de dinheiro garantido. Entretanto, os atletas conseguem negociar ainda uma grana que eles deverão receber com todo o seu contrato mesmo que tenham lesões, não atinjam números de desempenho. Enfim, é dinheiro no bolso. Esse dinheiro geralmente é uma parte do salário base do atleta.
Gostaram de saber basicamente como funcionam os contratos na NFL? Então colaborem conosco e mandem seus comentários com as dúvidas. Se preferirem, utilizem nossos canais de Contato.
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