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Por
Thiago Miguel
Antes de qualquer coisa, deixa eu ser sincero com você. Este não é um texto para afagar o ego dos haters de Tom Brady. Aliás, eu seria no mínimo ingênuo em tentar apagar ou desmerecer o legado de um atleta que venceu um terço dos torneios que disputou em sua carreira no esporte. Mas se você espera ler que os Buccaneers venceram o SuperBowl tendo Tom Brady como protagonista, desculpe, mas esse texto também não terá essa conclusão.
Mas o fato é que Brady foi apenas uma engrenagem que faltava em um time talentoso, mas que não sabia vencer. E esta foi a grande tacada de Jason Licht, General Manager dos Buccaneers: trazer um cara que não só sabe os caminhos, como também está acostumado a vencer e lidar com momentos delicados dentro de uma temporada.
Os diferenciais do ataque
Os Bucs possuem um dos melhores conjuntos de recebedores da NFL. Mike Evans é, para mim, um top 10 entre os wide receivers atualmente. Antonio Brown era um top 10 da história do jogo até resolver enlouquecer. Neste ano, parece (eu disse parece) ter tomado um pouco de juízo. Além disso, Chris Godwin é um recebedor razoável, porém superestimado, mas que deve receber um gordo contrato como WR1 de alguma franquia desavisada nessa offseason. Não esqueçamos também do rápido Scott Miller, importantíssimo ao usar a sua principal característica diante de secundárias cansadas.
Rob Gronkowski saiu da aposentadoria para ser o fiel escudeiro de Brady dentro e fora de campo. Cameron Brate provou ser um tight end confiável na rotação após a lesão de OJ Howard. No backfield, tivemos o melhor ano da carreira de Ronald Jones, mas foi um imparável Leonard Fournette que roubou a cena nos playoffs e mostrou que ainda é um dos running backs de elite na liga.
Terminando a unidade, precisamos falar de Tristan Wirfs. Draftado como o “protetor” de Tom Brady, ele assumiu o papel como um veterano e, seguramente, foi um dos melhores calouros da temporada.
O motivo do título
Mas se você achou que o ataque era o suficiente, levante-se para aplaudir esses nomes: Ndamukong Suh, Devin White, Lavonte David, Jason Pierre-Paul, Shaquil Barrett, Sean Murphy-Bunting e Antoine Winfield Jr. Esses caras foram simplesmente impecáveis nos playoffs e, o mais importante, mantiveram um nível absurdo em todas as partidas.
Se não precisava de muito esforço para vencer um Washington com seu quarto quarterback no ano, eles foram os responsáveis por provocar 8 turnovers e concretizar 8 sacks nas três últimas partidas da temporada. Sim, você não leu errado, foram DEZESSEIS big plays contra Drew Brees, Aaron Rodgers e Patrick Mahomes, três dos melhores quarterbacks da liga. E eu nem estou contando aqui as pressões e hits nesses jogadores.
E já que estamos falando em defesa, é impossível deixar de mencionar o nome de Todd Bowles, coordenador defensivo que não só aprendeu com as derrotas diante de Saints e Chiefs na temporada regular, como conseguiu colocar em prática o plano de parar três (coloque os Packers nessa conta) dos maiores favoritos ao título da temporada, na hora certa.
Tom Brady e seu romantismo
Perceberam quantos nomes eu falei antes de Brady? Pois então, se você ainda acha que o veterano quarterback é o principal motivo para os Buccaneers terem conquistado o título, me permita, respeitosamente, te chamar de o último romântico.
Brady está longe do nível que já atingiu um dia. Mas ele tem experiência necessária para: 1) saber não atrapalhar o time e 2) compartilhar o método sobre como vencer. E foi isso que ele fez no playoffs (à exceção do jogo contra os Packers, quando ele parecia afundar o time no segundo tempo até o seu grande grupo defensivo aparecer para limpar a barra). Brady cuidou da bola e preferiu as jogadas de segurança. Trivial, porém eficiente.
Mas a maior contribuição de Brady talvez esteja aqui. Quando os Bucs venceram os Packers, muitos jogadores choravam em campo, como se já tivessem atingido o objetivo. Coube a Brady, então, o papel de lembrá-los de que eles não eram mais os perdedores de temporadas passadas. Leonard Fournette fez questão de escancarar isso após dizer que o quarterback mandava mensagens no celular de cada um, todos os dias, dizendo “nós vamos vencer o SuperBowl”. E aqui vai a principal conclusão desse texto: Para mim, Brady foi mais importante fora de campo do que dentro dele. E não há demérito nenhum nisso.
O risco de cancelamento em não ser um romântico
Então, se você era como eu até ler esse texto e tinha vergonha de expressar que, apesar da enxurrada de justas homenagens da mídia aos inúmeros feitos de Brady, ele não foi o principal motivo do título, saiba que você não está sozinho. Mas também pode ser que falte um pouco de romantismo em seu coração peludo e você seja cancelado por expressar sua opinião. Esteja preparado para isso!
De qualquer forma, para afagar o ego daqueles que se esforçam em enxergar que o quarterback é o mesmo de antigamente sob qualquer circunstância e podem entender esse texto como uma crítica, saber exatamente o seu papel dentro de uma organização e colocar o objetivo coletivo acima dos pessoais é somente para os diferenciados. Tom Brady, sem dúvida, é um deles.
E aí, torcedor? Qual é o papel de Tom Brady no título dos Bucs? Deixe a sua opinião ou entre em contato.
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