Recentemente a Forbes divulgou a sua lista dos 50 times mais valiosos do mundo do esporte e adivinhem. Pelo quinto ano consecutivo, o Dallas Cowboys foi eleito o time mais valioso do mundo, superando potências mundiais como Real Madrid (6º) e Barcelona (8º), por exemplo. Antes de entrarmos no assunto Dallas Cowboys, vamos ver algumas informações que podemos extrair daquilo que a Forbes divulgou.

Comparações com outras ligas

Esta é uma lista dominada totalmente pelos esportes americanos. São apenas sete equipes de futebol (soccer) que estão presentes nessa lista e 43 times divididos entre NFL, NBA e MLB (Major League Baseball). A última vez que um time de futebol liderou essa lista da Forbes foi em 2010, quando o Manchester United era o grande papão de títulos da Inglaterra. Hoje, os “Diabos Vermelhos” ocupam apenas a 10ª colocação dessa lista. O Bayern München (24º), Manchester City (34º), Chelsea (37º) e Arsenal (47º) completam a lista.

Mesmo com a NBA (9 representantes) investindo pesado na sua administração dos últimos 10 anos e conseguindo elevar em seis vezes o valor médio de cada equipe (mais do que qualquer outra liga americana), a NFL é disparada a liga com o maior número de representantes, contendo 27 times. Esse domínio da NFL se deve ao fato de que das 100 maiores audiências televisivas norte americanas em 2019, 88 delas são representadas por eventos esportivos, sendo que 73 deles são jogos da NFL. Os atuais direitos televisivos da NFL giram em torno de 6,5 bilhões de dólares que, estima-se, deve dobrar de valor na próxima negociação. 

Uma análise de valor de uma equipe esportiva não se difere muito do que é feito em uma análise de valor de uma empresa. Basicamente falando, são considerados: patrimônio líquido, capacidade de endividamento, receitas, mercado em que atua, marca, entre outras coisas.

E por que os times norte americanos, como o Dallas Cowboys, valem tanto?

O primeiro ponto que coloco são as cotas televisivas que são de dar inveja em grandes ligas de futebol. Se olhar para a Premier League, referência de organização e equilíbrio na distribuição de direitos televisivos no mundo do futebol e que provavelmente tem o maior faturamento entre todas as ligas de futebol do mundo, para o próximo triênio, as 38 rodadas foram comercializado por 9 bilhões de libras, com transmissão para o mundo inteiro.

Então, se a previsão da Forbes para a próxima negociação dos direitos de transmissão se concretizar, estamos falando de um acordo de 13 bilhões de dólares. Vale lembrar ainda que estamos falando de uma liga que oferece menos da metade de rodadas do que a liga inglesa de futebol, por 5 meses de transmissão por ano. As receitas de TV crescem tanto que os custos com os salários dos atletas não acompanham a mesma velocidade e isso torna as franquias mais lucrativas do que nunca.

A exclusividade

O Segundo ponto é a exclusividade. As ligas norte americanas são formadas por um número limitado de times e, no caso da NFL, esse número é 32. Isso, então, cria uma exclusividade no mercado que eleva o valor de qualquer uma das equipes em uma possível compra. Não existe segunda divisão ou qualquer coisa que seja parecido com isso. Não à toa, sempre aparece uma tentativa de criar uma nova liga de futebol americano, ou seja, muita gente querendo nadar nesse mar de dinheiro. Além disso, essa peculiaridade permite que as cidades americanas entrem em batalhas para conquistar uma franquia. Muitas oferecem mais recursos e proporcionam condições para levar o esporte número 1 hoje dos Estados Unidos para as suas cidades.

Essa exclusividade, inclusive, é tão importante que, nos últimos 10 anos, das 35 primeiras equipes listadas pela Forbes, apenas o Los Angeles Dodgers da MLB mudou de mãos (e isso aconteceu em 2012). Em um mercado riquíssimo como o norte americano, existem diversos bilionários na fila, sedentos por uma oportunidade de compra de uma franquia esportiva. 

Sobre o Dallas Cowboys

Ok, a NFL é uma máquina de fazer dinheiro, mas onde entra o “America’s team” nisso? Então, caro leitor, se a NFL é uma máquina de dinheiro, o Dallas Cowboys certamente é uma das (se não for a) principais engrenagens financeiras dessa liga. É incrível pensar que uma equipe que não sabe o que é jogar uma final de conferência desde o seu Super Bowl, conquistado em 1995, ainda assim consiga se manter no topo das franquias esportivas mais valiosas do mundo mesmo sem ter sucesso dentro de campo. E olha que estamos falando de quase a metade do tempo que a era Super Bowl existe (vamos para o Super Bowl LV nesta temporada). É muito tempo de seca. 

Mesmo com os resultados dentro de campo não atingindo o seu potencial máximo, o Dallas Cowboys fatura com seu estádio. Os patrocínios e venda de assentos representam o dobro que qualquer outra equipe da liga consegue arrecadar. Além disso, essa equipe, em 2018, esteve no horário nobre por nove vezes. O único time que chegou próximo, passando de quatro exibições foi o New England Patriots. Todos os demais tiveram, então, quatro exibições ou menos em rede nacional.

Franchise Sales e o sorriso de Jerry Jones com seu Dallas Cowboys

Em termos de “Franchise Sales”, os Cowboys lideram a liga com 864 milhões de dólares arrecadados no ano de 2019. Isso gerou um resultado operacional (lucro sem impostos e juros descontados) de 365 milhões de dólares. E como uma comparação nunca faz mal a ninguém, o New England Patriots é o segundo com o maior faturamento. O time de Foxborough é seguido pelo New York Giants, rival de divisão e que está em terceiro no ranking. Ambos arrecadaram US$ 593 milhões (com resultado operacional de US$ 235 milhões) e US$ 540 milhões (com resultado operacional de US$ 149 milhões), respectivamente.

E como abrimos esta matéria como a imagem de um Jerry Jones preocupado, então não poderíamos encerrar de forma diferente. Por que você há de convir que ele tem motivo de sobra para sorrir, certo?