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Pittsburgh Steelers e a frieza de Rooney, Colbert e Tomlin na offseason

Foto: PennLive.com

Pittsburgh Steelers e a frieza de Rooney, Colbert e Tomlin na offseason

O final da temporada 2020/2021 da NFL deixou um cenário bastante desconfortável ao torcedor do Pittsburgh Steelers. Depois de um arrasador começo de 11-0, a euforia virou frustração com 4 derrotas nos últimos 5 jogos da temporada regular. Além disso, a dolorosa derrota para o rival Cleveland Browns nos playoffs era o sinal definitivo de que algo precisaria ser ajustado na franquia.

E, aqui, quando falo de ajuste, não é porque o Pittsburgh Steelers teve uma temporada ruim, mas simplesmente porque desde que Mike Tomlin chegou à franquia, a régua dos resultados é altíssima, com o título do SuperBowl XLIII, 9 participações em playoffs em 14 anos, 65% de aproveitamento de vitórias e, o mais importante, NENHUMA temporada com recorde negativo.

O problema, era que o pano de fundo para essa temporada exigia muito trabalho. Ben Roethlisberger, em vias de aposentadoria, teria o maior impacto no cap space da equipe. Alguns jogadores importantes, como Bud Dupree, JuJu Smith-Schuster, Mike Hilton, Cameron Sutton, Tyson Alualu, James Conner, Matt Feiler e Alejandro Villanueva, todos titulares, virariam Free Agents. Maukrice Pouncey e Vance McDonald, optaram pela aposentadoria. Não havia cap space. Ou seja, tudo levaria a crer que seria um ano de transição. Os Steelers, uma franquia reconhecidamente tradicional e conservadora, precisariam fazer mudanças. E foi exatamente aí que o General Manager Kevin Colbert, o treinador Mike Tomlin e até mesmo o presidente Art Rooney entraram em ação com grandes ações em uma offseason nada ortodoxa. Explico a seguir:


Alterações no Coaching Staff

A primeira ação aconteceu apenas 4 dias após a derrota para os Browns. Randy Fichtner e Shaun Sarrett, respectivamente o coordenador ofensivo e o técnico de linha ofensiva, deixaram a equipe. O pior desempenho no jogo terrestre entre as 32 franquias da NFL era motivo suficiente para a troca. Além deles, o treinador da secundária Tom Bradley também não retornaria e o treinador de tight ends James Daniel anunciava a aposentadoria.

Pouco tempo depois, os Steelers anunciaram que Matt Canada, treinador de quarterbacks assumiria a coordenação ofensiva. Adrian Klemm seria o técnico da linha ofensiva, Mike Sullivan entraria na antiga posição de Matt Canada, Grady Brown assumiria a secundária e o veteraníssimo Alfredo Roberts seria o técnico de tight ends. Além deles, os Steelers passariam a ter um técnico de controle de qualidade em Mike Tomsho, que trabalhou com Matt Canada na carreira universitária. O recado de que a franquia não hesitaria em fazer mudanças estava dado.


Ben Roethlisberger e seu retorno sob as regras do Pittsburgh Steelers

A primeira grande ação era saber o que seria de Ben Roethlisberger. O quarterback, que pensava sobre aposentadoria, iria ter um impacto de 41 milhões de dólares na folha salarial dos Steelers. Colbert e, principalmente, o presidente da franquia, Art Rooney, jogaram duro via imprensa, mas apesar disso, disseram que gostariam de contar com Big Ben.

Mas, para isso, era necessária uma reestruturação de contrato, ou os Steelers caminhariam em direção ao futuro dispensando o veterano e abrindo fôlego no cap space. A contratação do talentoso, porém problemático, desfocado e polêmico Dwayne Haskins era um sinal de que não havia blefe.

Pouco tempo depois, após algumas reuniões, o próprio Big Ben anunciou que havia aceitado as condições dos Steelers. O novo acordo abriu mais de US$ 15 milhões no cap space de Pittsburgh, que automaticamente passava de uma condição negativa para positiva no balanço salarial. Nada que deixasse a equipe em boas condições para a captação de talentos ou renovação de contratos, era apenas um necessário respiro.


Atuação nas renovações de contrato e na Free Agency

Com o principal problema resolvido, era necessário atuar nas renovações de contrato. Pensar na renovação de Bud Dupree era utopia. Valorizado no mercado, o edge certamente seria bem pago (como foi pelos Titans). O cenário com JuJu Smith-Schuster, Mike Hilton e Matt Feiler era bastante parecido. Alejandro Villanueva, Tyson Alualu e James Conner também tinham seu valor. Por outro lado, Cameron Sutton foi o primeiro a renovar o contrato e os Steelers garantiam um jovem valor para a posição de cornerback.

Mike Hilton seguirá a sua vida com os Bengals e Matt Feiler com os Chargers. James Conner foi para os Cardinals. Com JuJu Smith-Schuster, a estratégia foi usar o sangue frio. Observando que o mercado de wide receivers jamais esquentou na Free Agency, os Steelers esperaram até conseguir um grande contrato para a franquia com a estrela, ao vencer a concorrência de Ravens e Chiefs e, principalmente, não sofrer quase nenhum impacto com o salário de Smith-Schuster no ano. A mesma estratégia foi adotada com Tyson Alualu e Alejandro Villanueva. Enquanto o primeiro retornou aos Steelers após praticamente ter acertado com os Jaguars, Villanueva ainda não fechou com ninguém e está livre no mercado.

Além disso, os Steelers resolveram apostar na renovação de contrato de jogadores promissores do elenco. A principal delas, de Zach Banner, um bom talento de linha ofensiva que muito provavelmente será titular. Além dele, Robert Spillane, Chris Wormley, Ray-Ray McCloud, JC Hassenauer e Marcus Allen também renovaram contrato. Contratações? Joe Haeg e BJ Finney para a linha ofensiva, Kalen Ballage na posição de running back e Miles Killebrew, linebacker. Nada que empolgasse, pois o time ainda está totalmente sem condições financeiras de mirar em algum jogador de impacto.


Dispensas e reestruturações no elenco do Pittsburgh Steelers

Por fim, tivemos dispensas. Vince Williams é mais um caso emblemático do sangue frio dos Steelers. O inside linebacker foi dispensado e, pouco tempo depois, recontratado. Os Steelers economizaram 2 milhões de dólares nesse movimento. Steve Nelson, por outro lado, solicitou sua dispensa pensando em uma recolocação rápida. Entretanto, ele ainda não encontrou um clube.

Além disso, Eric Ebron e Derek Watt tiveram seus contratos reestruturados. Aqui, os Steelers também liberaram pouco dinheiro no cap, mas é importante lembrar que ainda há espaço para as reestruturações de Stephon Tuitt e Joe Haden, o que pode salvar importante quantia de dólares para assinar com um Free Agent veterano no final da offseason.

Assim, fazendo um balanço do que poderia ser feito e o que foi realizado, é possível dizer que os Steelers conseguiram realizar um bom trabalho e, principalmente, desenhar um plano claro para o draft.


Atuação no draft

E foi exatamente no evento em Cleveland que veio a segurança de que o plano foi executado à risca por Mike Tomlin e Kevin Colbert. Aliás, o sorriso de ambos na entrevista coletiva ao final do draft neste sábado, 1, dá uma certa segurança de que os Steelers, novamente, farão uma boa temporada. E os motivos para isso são os seguintes:


1) Opções para o jogo terrestre

Os Steelers draftaram o melhor running back da classe, Najee Harris. Além disso, selecionaram, na sequência: um bom tight end nos bloqueios (Pat Freiermuth), um center ágil (Kendrick Green), e um offensive tackle cuja principal característica é abrir espaço para corridas (Dan Moore). Ou seja, todas escolhas que devem contribuir para um bom desempenho de Najee.


2) Um ataque que já é indiscutivelmente melhor que o da temporada passada

Najee Harris certamente entregará mais que James Conner. Pat Freiermuth chega com status de segundo melhor tight end da classe e disputará posição com Eric Ebron (aliás, ele, inclusive, tem grandes chances de ser titular). O corpo de wide receivers, mantido, provavelmente terá uma evolução natural com o segundo e o terceiro ano de Chase Claypool e Diontae Johnson, respectivamente. Por fim, uma linha ofensiva muito mais jovem e com opções no elenco deve ajudar a manter o nível durante os jogos.


3) Feeling para encontrar o momento certo das escolhas no draft

Os Steelers selecionaram Najee Harris na posição 24. Na pick seguinte, os Jaguars optaram por Travis Etienne. Ou seja, se Colbert e Tomlin deixassem Najee passar, não o pegariam.

Pittsburgh selecionou Pat Freiermuth na 55. Na sequência, vários tight ends saíram no final segundo e terceiro rounds.

Kendrick Green foi selecionado exclusivamente porque os centers foram caindo no draft. Assim, na escolha 87, ainda havia chance de selecionar um jogador de bom nível.

Por fim, mesmo precisando de cornerbacks, os Steelers investiram no punter Pressley Harvin na última escolha. Imediatamente após o draft, soubemos que diversas franquias gostariam de assinar com ele como undrafted player. Outro golpe de mestre da dupla.


4) Substituições diretas

As principais perdas dos Steelers na Free Agency, sem dúvida, estão em Maukrice Pouncey (aposentado), Bud Dupree e Mike Hilton. Então, os Steelers draftaram jogadores com características absurdamente semelhantes em Kendrick Green, Quincy Roche e Tre Norwood.

O primeiro, tem a velocidade necessária para assumir a titularidade da equipe e utilizar isso ao seu favor para facilitar o jogo terrestre. Quincy Roche foi avaliado pela Pro Football Focus, com o maior grau no pass rush durante a última temporada da NCAA. Já Tre Norwood, líder de interceptações na Big 12 e ganhador do prêmio de melhor jogador defensivo no Cotton Bowl, foi definido pelo próprio Mike Tomlin como “canivete suíço”. Ou seja, um substituto ideal para Mike Hilton. Vale dizer aqui que, obviamente, é preciso avaliar a qualidade de jogo dos novos contratados, mas há muita coerência nas escolhas.


5) Atuação após o draft

Imediatamente após o draft, os Steelers agiram rápido ao assinar com Shakur Brown e Mark Gilbert, dois cornerbacks que eram vistos em vários mocks como prospectos de final de terceira ou quarta rodada. Além deles, a franquia também capturou outro jogador com características muito semelhantes a Norwood (Lamont Wade) e Calvin Bundage, linebacker que, assim como Roche, deve ajudar a dar respiro a TJ Watt e Alex Highsmith.


O futuro do Pittsburgh Steelers

Mesmo após a sequência de boas notícias, ainda há certo trabalho a fazer na Free Agency. Em minha opinião, o Pittsburgh Steelers ainda precisa de um cornerback veterano (aqui as melhores opções seriam o próprio Steven Nelson, Bashaud Breeland e Brian Poole) e um left tackle (Eric Fisher seria o grande sonho aqui, mas a volta de Alejandro Villanueva também é aceitável por um preço certo). Para isso, necessariamente os Steelers precisarão fazer novas dispensas e reestruturar alguns contratos.

Mas a grande notícia é o cenário para a próxima temporada. Os Steelers terão algo próximo a US$ 100 milhões de cap space. O suficiente para renovar com as grandes estrelas da defesa (TJ Watt e Minkah Fitzpatrick) e, o mais importante, capturar o novo quarterback da franquia. Aqui vale monitorar de perto as situações de Deshaun Watson, Derek Carr e, até mesmo, Aaron Rodgers. Ou seja, por conta de todos os acertos em uma temporada difícil e o respiro financeiro a partir da próxima temporada, o cenário é bastante encorajador.

E aí, torcedor? O que espera da temporada do Pittsburgh Steelers? Deixe o seu recado ou então entre em contato.

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